M U D A M O S !!!

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* As postagens antigas continuam todas lá.

peça mais


devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano da boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
.
.
.
Ana Cristina César
(Flores do Mais)
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fim do mundo


Herdeiros do fim do mundo
queimai vossa história
tão mal contada
.
.
.
.

o suicídio da tarde


Crepúsculo
.
.
Silencioso
Solitário
Sinistro

Um sol-poente
Celebra o suicídio da tarde.
.
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(H. Dobal)

de um lado...


...e do outro.


No Setor Comercial Sul.

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cidadania bissexta


E a restauração dos cubos de Athos Bulcão na fachada do Teatro Nacional, hein? Quanto tempo ainda vai demorar? Agora que a cidade se livrou, pelo menos temporariamente, do delirante obelisco de Niemeyer, e que tantas pessoas se encheram de brio para protestar contra o projeto da tal Praça, podíamos aproveitar o embalo para dar uma acelerada nessa obra, não? Ê cidadaniazinha bissexta, que a gente só exerce uma vez na vida e outra na morte!


vitrine


No Setor de Indústria.
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mais um fusca


Este, visto através de uma lente estranha.
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transeunte num cenário sombrio


É meu cenário de todos os dias. Nem sempre é sombrio. Depende da foto. Uma coisa é uma coisa, uma foto é outra coisa...
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no meio do caminho



No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra
.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
.
.
.
(Carlos Drummond de Andrade)

três blocos da minha quadra




Blocos Q, L e M. No alto, em frente ao bloco Q, nosso velho amigo cabeça de ovo...

as paredes têm olhos - VI


W3 norte, quadra 710.
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parada de ônibus...


...na 215 norte. Diz aí se essa cidade não é linda?
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final de tarde


Último solzinho do dia.
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nada fica nos teus olhos


Canção do berço


O amor não tem importância.
No tempo de você, criança,
uma simples gota de óleo
povoará o mundo por inoculação,
e o espasmo
(longo demais para ser feliz)
não mais dissolverá as nossas carnes.

Mas também a carne não tem importância.
E doer, gozar, o próprio cântico afinal é indiferente.
Quinhentos mil chineses mortos,
trezentos corpos de namorados sobre a via férrea
e o trem que passa, como um discurso, irreparável:
tudo acontece, menina,
e não é importante, menina,
e nada fica nos teus olhos.

Também a vida é sem importância.
Os homens não me repetem
nem me prolongo até eles.
A vida é tênue, tênue.
O grito mais alto ainda é suspiro,
os oceanos calaram-se há muito.
Em tua boca, menina,
ficou o gosto do leite?
ficará o gosto de álcool?

Os beijos não são importantes.
No teu tempo nem haverá beijos.
Os lábios serão metálicos,
civil, e mais nada, será o amor
dos indivíduos perdidos na massa
e só uma estrela
guardará o reflexo
do mundo esvaído
(aliás sem importância).


Carlos Drummond de Andrade

eu e elas


Na entrada do Parque.
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eu e eles


Na 415 norte.
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segunda de sol...


...no prédio onde eu trabalho.
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sábado de sol


Fiz uma caminhada bucólica, com direito a girassóis.
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mamoeiros...

...na 416...



...e na 216 norte.

egito?



Loja Maçônica na 416 norte.
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um poste


Bem no cantinho.
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uma janela


Lá no Conic.
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uma canção


Minha terra não tem palmeiras
E em vez de um mero sabiá
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há
.
Minha terra tem relógios
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes
Mas onde o instante de agora?
.
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio
.
.
(Mário Quintana)

livros, livros


Biblioteca do Açougue Cultural T-Bone numa parada de ônibus do começo da W3 norte. Projeto lindo, fazendo sucesso há um ano e meio. Doe livros. Veja em www.t-bone.org.br (Parada Cultural).
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seqüência com solzinho da manhã...

...no Setor Comercial Sul.





chegou o jornal...


...de bicicleta, de manhã cedinho.
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cenário do meu café-da-manhã


Aos domingos, no Franz, 205 sul. Franz é o nome do dono, que curiosamente não é alemão, é chinês.
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tá rindo do quê, palhaço?


Esse palhaço aí eu vejo da minha janela.

marcas...


...na minha vida.
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transeunte


No Conic. Eu amo esse lugar.
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fusquinha e flamboyant


Adoro fuscas. Faço coleção. De fotos, claro. Fusquinha e flamboyant, e um chão atapetado de flores e sombras, e meu amorzinho atravessando a rua. Num domingo.
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privilégio


Essa aí sou eu, lavando o rosto com água da nascente. Sabe onde? No parque Olhos D'Água, a poucos metros da minha casa. Privilégio de brasiliense. A foto é da minha filha Bruna.
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gervásio baptista, fotógrafo


Há um monte de fatos incríveis na vida deste homem, mas para mim o mais impressionante é que ele tem 85 anos de idade e trabalha em dois empregos -- muitas horas por dia, e feliz da vida. É fotógrafo da Agência Brasil pela manhã e do Supremo Tribunal Federal à tarde. Dependendo da pauta, não tem hora para sair, como todo fotógrafo. Miudinho, carrega quilos de equipamento. Começou a trabalhar aos nove anos de idade, portanto tem 76 anos de carreira. E viu de tudo nesses anos. Ouvi-lo contando seus casos é uma coisa impagável. Se estiver curioso, dê uma googada nele...
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quem será...


...essa criatura? Na 714/715 norte.
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caco de espelho


Nas minhas andanças por aí.
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minha paisagem


Sou minha própria paisagem
Assisto à minha passagem
Diverso, móbil e só
Não sei sentir-me onde estou


Fernando Pessoa
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(sozinha na mesa, no conic)
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ficou pronta a casinha...


...do meu casal de vizinhos. Há uma semana, eles ainda estavam na metade da obra (veja mais abaixo). Agora estão só curtindo...
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chapéus de bruxa bicho-grilo


À venda na Torre.
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azul...


...e branco.
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na sombra


(labirinto de sombras e pétalas)
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no furacão


quero
ser o riso
e o dente
.
quero
ser o dente
e a faca
.
quero
ser a faca
e o corte
.
em um só
beijo
vermelho
.
eu
sou a raiva
e a vacina
.
procura
de pecado
e conselho
.
espaço
entre a dor
e o consolo
.
a briga
entre a luz
e o espelho
.
fiz meu berço
na viração
.
eu só descanso
na tempestade
.
só adormeço
no furacão
.
.
.
(Tom Zé)
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